sexta-feira, 30 de julho de 2010

Gotas de fogo

Uma gota de suor
escorre como água pelo meu corpo,
misturando-se com outros fluídos...
água, sal, sangue que corre nas veias.
Sinto pequenas gotas a formarem-se
que escorrem e transbordam,
num mar cálido.
O meu corpo está molhado,
mas pede-me que pense em algo que o refresque...
naquele instante.
Entra em erupção,
cada gota cai como lava
e o meu corpo pede água,
para apagar o fogo que vem de dentro,
de um coração
em chamas.

Susana Garcia

misturas e artes

Gosto de misturar tintas, pinceladas de vários tons, de dar cor e vida ás palavras numa tela, com cores vivas e alegres,positivas,rabiscos de mil cores, de forma abstracta ou geométrica ou mesmo pintar a preto e branco sem que isso signifique algo negativo.
Mas gosto também de as soltar numa folha em branco, deixá-las fluir, criar e escrever, escrever..., até onde der a inspiração, viajar por outros mundos,outros mares, brincar com as palavras e com os seus inúmeros significados, por vezes é como se estivesse numa ilha e surgi-se de repente na água, uma garrafa com um papel em branco pedindo que eu escrevesse o que me ia na imaginação.
Claro que para a escrita nascer, para descobrir novos saberes, novas palavras e significados, há algo necessário que adoro, ler. É algo indispensável, seja real ou fantástico, ao ler dou por mim a viajar, a recuar ou avançar no tempo, a viver noutro planeta,noutra era, a encenar diversas personagens, que sem a leitura não seria possível.
No entanto não pensem que nas artes me fico por aqui,pois algo que também adoro é misturar sabores, criar novos pratos e por alguma arte nos mesmos, misturando um pouco dos 4 cantos do mundo dando um toque especial a cada coisa.
Como dizia o poeta, " o Homem sonha, a obra nasce".

Susana Garcia

Ontem faleceu o grande actor António Feio

António Jorge Peres Feio (Lourenço Marques, 6 de Dezembro de 1954 — Lisboa, 29 de Julho de 2010) foi um actor e encenador português condecorado, a 27 de Março de 2010, com o grau honorífico de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.[1]

Viveu em Moçambique até aos sete anos, tendo-se instalado em Lisboa, com a família. Estreou-se aos onze no teatro, com a peça de Miguel Torga, O Mar, dirigida por Carlos Avilez, no Teatro Experimental de Cascais. Chega cedo à televisão e ao cinema, participando ainda em folhetins na rádio e campanhas publicitárias. Em 1969, profissionalizado na companhia teatral de Laura Alves, volta a Moçambique, em digressão com a peça Comprador de Horas. Retirou-se dos palcos, tendo trabalhado como desenhador num atelier de arquitectos. Em 1974 está, de novo, no Teatro Experimental de Cascais, de onde sai para formar, com Fernando Gomes, o Teatro Aquarius. Passa de seguida para a Cooperativa de Comediantes Rafael de Oliveira, Teatro Popular-Companhia Nacional I, sob a direcção de Ribeirinho, Teatro São Luiz, Teatro Adóque, Teatro ABC, Casa da Comédia, Teatro Aberto, Teatro Variedades, Teatro Nacional D. Maria II.

Começa a encenar com o espectáculo Pequeno Rebanho Não Desesperes de Christian Giudicelli, na Casa da Comédia. Segue-se Vincent de Leonard Nimoy, no Teatro Nacional D. Maria II e O Verdadeiro Oeste de Sam Shepard, no Auditório Carlos Paredes. Faz, como actor, Inox-Take 5 (1993) com José Pedro Gomes e é o início de um trabalho em conjunto e de uma "dupla" que dura até aos dias de hoje. Começa a dirigir cursos de formação de actores no Centro Cultural de Benfica e forma com vários alunos alguns grupos: O Esquerda Baixa e o Pano de Ferro, e com eles faz alguns espectáculos. Seguem-se muitas outras encenações sendo as mais importantes: A Partilha de Miguel Fallabela e O Que diz Molero de Diniz Machado (Teatro Nacional D. Maria II); Perdidos em Yonkers de Neil Simon e Duas Semanas com o Presidente de Mary Morris (CCB e Teatro Nacional S. João); Conversa da Treta de José Fanha (Auditório Carlos Paredes); O Aleijadinho do Corvo de Martin McDonagh (Visões Úteis/ Teatro Rivoli); Arte de Yasmina Reza (Teatro Nacional S. João); Bom Dia Benjamim de Nuno Artur Silva, Luís Miguel Viterbo e Rui Cardoso Martins (CCB e Expo98); Portugal Uma Comédia Musical de Nuno Artur Silva e Nuno Costa Santos (Teatro São Luiz); Popcorn de Ben Elton ao lado de Helena Laureano, Deixa-me Rir de Alistair Beaton,Jantar de Idiotas e O Chato de Francis Veber (Teatro Villaret).

Para além do teatro fez televisão (popularizou-se em sitcoms como Conversa da Treta ou programas como 1, 2, 3); algum cinema (com Alfredo Tropa, Eduardo Geada, Luís Filipe Costa e Fernando Fragata), traduções e muitas dobragens. Mantinha-se na rádio com uma crónica humorística na TSF. Acabou por falecer aos 55 anos, na unidade de Cuidados Paliativos do Hospital da Luz, vítima de um cancro no pâncreas contra o qual lutava há largos meses.

António Feio partiu mas não sem antes nos deixar com esta importante e interessante mensagem.