sábado, 28 de fevereiro de 2009

Não sei se é sonho, se realidade



Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul se olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
A vida é jovem e o amor sorri.

Talvez palmares inexistentes,
Áleas longínquas sem poder ser,
Sombra ou sossego dêem aos crentes
De que essa terra se pode ter.
Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,
Naquela terra, daquela vez.

Mas já sonhada se desvirtua,
Só de pensá-la cansou pensar,
Sob os palmares, à luz da lua,
Sente-se o frio de haver luar.
Ah, nesta terra também, também
O mal não cessa, não dura o bem.

Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem e o amor sorri.

Fernando Pessoa

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Restos de Carnaval






Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.

No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.

E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.

Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.

Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.

Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.

Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - àidéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.

Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.

Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.

Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.

Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.

in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

Clarice Lispector

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Pedra Filosofal





Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


António Gedeão


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Àrtico



Ártico desaparece dentro de duas décadas

Especialistas em ciência polar reunidos em Chicago calculam que a temperatura na região poderá aumentar até 7ºC, em meados do século, devido ao aquecimento global.


O Ártico está mais quente em todas as estações do ano, não apenas no Verão
O Ártico tal como é conhecido hoje vai deixar de existir dentro de duas décadas, devido ao aquecimento global que pode fazer aumentar a temperatura na região até 7ºC até meados deste século, segundo especialistas citados pela Folha de S. Paulo.

Segundo o jornal, "o atestado de óbito do Ártico está assinado", observando-se já todos os anos uma reacção em cadeia, que de acordo com especialistas em ciência polar reunidos em Chicago, EUA, não deverá tratar-se de "um mero ciclo passageiro".

"Teremos um Verão sem gelo no Ártico em 2030 ou antes disso", calculou um especialista da Universidade de Colorado, que falava no âmbito da 175ª Reunião Anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

O especialista referiu que "com menos gelo, a preocupação com uma certa ocupação da região ártica também deve aumentar", prevendo ainda que "pode aumentar não apenas a navegação em toda a área, como a exploração de petróleo".

"Todo cuidado é importante, porque o Ártico está mais quente em todas as estações do ano, não apenas no Verão. Já temos problema de erosão costeira em algumas zonas. Sem gelo, o vento movimenta mais a água", disse o cientista.

Para o especialista, acrescenta a Folha de S. Paulo, a mudança de comportamento registada em todo o Ártico é "tão crítica, que o ciclo de carbono também pode ser drasticamente alterado", pois com o calor, a tendência é para que toda a matéria orgânica congelada no solo do Ártico liberte carbono para a atmosfera, acrescentou outro cientista.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Embalando o teu sono




Estavas deitado
com a cabeça no meu colo
eu estava sentada
a deslumbrar por entre a vidraça
o céu de tons escuros
a lua,
o brilho das estrelas
e ia fazendo pedidos a elas
na certeza que esses desejos fossem concedidos.
Fiquei por uns instantes com os olhos fixos no firmamento,
a sonhar naquela noite que já ia alta.
Após esse momento de reflexão,
desviei o olhar da janela
e passei os olhos pelo ecran da televisão
onde vi o meu rosto reflectido
como se estivesse a olhar para a água
e imaginei-me uma actriz de algum filme
que estivesse a ser exibido.
Passei por todos os canais
mas nada que estivesse a dar
me atraia o olhar
nada havia de interessante,
olhei para ti
que já estavas com um olho fechado e outro aberto
e assim resolvi desligar
esse verdadeiro soporifero
que nos prende tanto a atenção.
Por fim ,
dei por mim a cantar-te uma canção de embalar
enquanto te ia mimando
fazendo festas
no teu cabelo fino e macio
e no teu rosto lustroso e iluminado
pelo brilho do luar.
Fui-te embalando
até que adormeceste profundamente
no meu colo
caindo nos braços de Morpheus.
Aconcheguei-te um pouco
pois já se sentia o frio da noite a chegar
e assim como o luar
ia iluminando a tua noite
e o anjinho da guarda te foi protegendo
também eu te protegi e te ajudei
a dormires profundamente
a sonhares
nessa longa noite.



Susana Ferreira

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Uma recordação de infância




Parque no Largo do Bonfim em Lisboa,junto á estrada de Benfica e á casa dos pais da minha mãe.Era o parque onde eu ia brincar quando lá ia a casa,claro que já está todo remodelado,mas continua a ser uma recordação de quando lá brincava.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Rosa Vermelha





Rosa vermelha,
vermelho paixão,
vermelho sangue
que corre nas veias
cor viva
cor quente
que aquece os nossos corpos
Rosa vermelha
és de todas a mais bela
colhida no jardim
tens perfume da paixão
vermelho vivo
cor do sangue
cor quente
flor do coração.
Como tu só a rosa branca
cor pura
cor da paz
branca rosa
rosa branca
rosa da paz
que tanta falta nos faz.

Susana Ferreira

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Meu beijo é teu





Meu beijo é teu,
beijo com sabor a mel
que leva embora o fel,
e dá lugar ao amor
quando quer chegar a dor.
Um beijo doce
na tua pele de veludo,
é tudo o que quero,
é o sol que seca o dilúvio
é um sonho encantado
é o melhor do mundo.
Um beijo doce
beijo docinho,
um beijo meu
cheio de carinho,
será para sempre o teu
miminho.

susana ferreira

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Mar Português

Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Artigo interessante sobre o amor




Relações: A química do amor

Há quem diga que o amor é uma droga: sob a sua acção, o organismo é inundado por uma descarga química que produz efeitos semelhantes aos de um opiáceo.




O debate é provavelmente tão antigo quanto as inquietações sobre as origens do Homem
O que é o amor? Será, como escreveu Stendhal, o "milagre da civilização"? Será mais arte que sentimento, como defendeu Paul Morand? Ou será, afinal, "algo que não se define", antes se sente (Séneca, pensador romano)?

O debate é provavelmente tão antigo quanto as inquietações sobre as origens do Homem. Ao longo da História, vários têm sido os poetas, escritores e artistas que, cantando as virtudes do amor, têm contribuído para a compreensão deste fenómeno transcendente e antagónico: tanto é capaz de iluminar-nos a alma e encher-nos de vida como, num ápice, rasgar-nos o coração e apagar qualquer centelha de esperança. "Nascemos para amar", escreveu o político e autor britânico Benjamin Disraeli. "O amor é o princípio da existência e o seu único fim".

Mas, afinal, o que define o amor? A antropóloga norte-americana Helen Fisher, autora de "Porque Amamos - A Natureza Química do Amor Romântico" (Relógio D'Água, 2008), tem vindo a dedicar a sua carreira a decifrar esse enigma. A resposta, defende na obra, é menos romântica e mais previsível do que se esperava. O amor é... química, sentencia friamente. Uma alquimia complexa que envolve duas hormonas sexuais, a testosterona e o estrogénio, e dois neurotransmissores, a dopamina e a serotonina. A ciência, afinal, apenas confirma o senso comum. Quantos de nós já não nos escudamos na "química" para explicar aquele magnetismo incontrolável, o desejo irrefreável, a vertigem sentimental que nos liga a alguém? Química portanto, não simbólica mas literal.

A visão fica a dever muito ao romantismo, mas Fisher vai mais longe. A professora de Antropologia da Universidade de Rutgers socorre-se de Darwin para explicar que o amor, mais do que um sentimento nobre e transcendental, tem um papel evolutivo: existe para permitir a reprodução da espécie. E ainda que, como animais sexuais que somos, não precisemos de amar para nos envolvermos sexualmente, todos procuramos a pessoa ideal para assentar e constituir família. Mais do que máquinas sexuais, somos máquinas reprodutoras, diz-nos Fisher. O amor é apenas um meio para um fim muito mais nobre: a sobrevivência da raça humana. Esqueça, pois, os chocolates Godiva, as trufas, os diamantes e o champanhe caro.

A poção do amor não pode ser comprada nem mesmo na melhor loja. A primeira boa notícia é que existe dentro de cada um de nós. Basta encontrar a pessoa certa para a activar. A segunda é que a ciência pode ajudar-nos a consegui-lo mais eficazmente. Na sua última obra, "Why Him? Why Her?" (Porquê Ele? Porquê Ela?, numa tradução literal), acabada de publicar nos Estados Unidos, Fisher recorre ao seu conhecimento sobre a acção da testosterona, do estrogénio, da dopamina e da serotonina para traçar quatro tipos de personalidade distintas e explicar a sua influência nas relações românticas. Porque se as relações duradouras dependem mais do estatuto e da história de vida em comum, é a compatibilidade entre personalidades que soltará as faíscas no primeiro encontro.

Associados a elevados níveis de estrogénio, os Negociadores são introspectivos e analíticos, revelando grande habilidade para lidar com as pessoas. Cheios de testosterona, os Directores são bastante competitivos, ambicionando desempenhar papéis de liderança. Sob a influência da serotonina, os Construtores são os pais de família dos subúrbios, populares entre colegas e amigos, e pilares das suas comunidades. Por fim, os Exploradores, afectados por uma elevada acção da dopamina, são criativos e energéticos, não dispensando uma boa aventura.

As características de cada um dos tipos de personalidade ajudam a explicar a sua compatibilidade. Construtores e Exploradores tendem a procurar parceiros com o mesmo tipo de personalidade. Os primeiros porque sendo tão tradicionais - "são os casamentos de 50 anos, com cinco filhos", ilustra a autora - dificilmente conseguem tolerar outro tipo. Mais curiosa, sobretudo de um ponto de visto evolutivo, é a atracção entre Exploradores. Quem vai tomar conta das crianças quando ambos estiverem a subir ao Evereste ou no bar a tomar drogas?, interroga-se Fisher. Já Negociadores e Directores completam-se: precisam das características uns dos outros.

"Tudo o que fazemos tem um componente químico", explica Fisher ao Expresso. Conhecer a receita não destrói, contudo, o romantismo, garante a antropóloga. "Podemos conhecer todos os ingredientes químicos de um bolo de chocolate ou de uma cerveja e ainda assim desfrutar do prazer de consumi-los." Nisto do amor, o melhor é deixar espaço para o acaso. É que o coração tem caminhos que a própria razão desconhece.




As três fases do amor

Desejo sexual
É a fase da luxúria, do impulso sexual indiscriminado desencadeado pelas nossas hormonas sexuais, a testosterona nos homens e o estrogénio nas mulheres.

Amor Romântico
É a fase da atracção sexual selectiva, do enamoramento e da paixão. É quando perdemos o apetite, a concentração, o sono e a razão. É quando o coração bate mais depressa, as mãos ficam suadas e a respiração parece falhar. A passagem da fase do desejo para a do amor é controlada pela feniletilamina, uma molécula natural semelhante às anfetaminas. Há uma descarga de dopamina e norepinefrina, duas substâncias associadas aos centros de prazer no cérebro. São, na prática, estimulantes naturais do cérebro.

Fase de ligação
É a fase do compromisso, do amor maduro, da estabilidade emocional. Aqui entram em acção sobretudo duas hormonas: a oxitocina, libertada durante o sexo e conhecida como a "hormona do carinho" ou "do abraço"; e a vasopressina, tida como a hormona da fidelidade.